Você está em:
Ademir Luiz pode ter
destruído sua infância e, talvez, você não saiba. Ele é o criador da Teoria do
Chaves, que defende que a vila do famoso seriado mexicano é uma representação
do inferno. O texto original viralizou, correndo o mundo. Teve milhões de leitores,
gerou centenas de artigos-resposta, vídeos, podcasts e traduções.
Este é apenas um exemplo da
verve polêmica do autor, que pode ser encontrada mais uma vez no livro de
ensaios Brasil 17.1 – uma análise irônica do processo que levou o Brasil do
capitão Nascimento ao capitão Bolsonaro. Ademir Luiz analisa com ironia
nossa era marcada por ídolos medíocres e intelectuais nutella, mostra que Lula
e Bolsonaro são vendedores de carros usados, que Chico Buarque perdeu sua
divindade, Mauricio de Sousa é o maior educador brasileiro, Paulo Coelho
deveria ser professor na escola do Harry Potter e muito mais.
O Brasil, nação com brasa no
nome, também é tema da obra de ficção de Ademir Luiz, Fogo de Junho, que
se passa durante as grandes manifestações de rua de 2013. O intuito é que a
obra seja “um romance de geração para geração sem romance”. O livro ganhou a
bolsa de publicações Hugo de Carvalho Ramos, o prêmio literário mais antigo do
país, criado em 1944.
Mas, nem só de realismo
histórico vive o homem. Os contos do livro O Beatle palestino e outras
pequenas histórias da grande história apresentam diferentes visões para
fatos e personagens consagrados. Algumas delas mostram que talvez os Beatles
possam realmente ser mais populares que Jesus Cristo; que o cadáver enforcado
que pensam ser de Judas pode ser de qualquer pessoa; que Sherlock Holmes é um
ignorante.
Esse coquetel de temas é
apenas uma preparação para o inusitado universo ficcional do romance Hirudo
Medicinallis, vencedor do Prêmio Cora Coralina. Trata-se de uma movimentada
aventura envolvendo falsos vampiros que percorrem as ruas de uma cidade
imaginária “cheia de bibliotecas e onde a vida vale muito pouco”; o fantasma de
um cineasta maldito; falsários e ladrões internacionais; gangues urbanas; o
túmulo de Jim Morrison; o roubo da Mona Lisa e muito, muito cinema.
ADEMIR LUIZ é doutor em
História Medieval, professor universitário e presidente da União Brasileira de
Escritores – Seção Goiás. Ficcionista e ensaísta. Produz entrevistas, críticas
e vídeos para a imprensa e internet. Indicado ao Prêmio Capes de Teses 2009 e
vencedor dos prêmios literários Cora Coralina 2002 e Hugo de Carvalho Ramos
2014 entre outros.