Estação Paraíso , romance de estréia de Ricardo Stumpf, é uma obra corajosa por encarar, no plano literário, tema de extrema atualidade: o problema ambiental e os diversos (e nem sempre éticos) interesses em torno do assunto. É regra mais ou menos sabida e praticada não tratar de ordens do dia em romances, pois o escritor corre o risco de falar mais do mesmo, não despertando a curiosidade do leitor. Não é o caso de Estação Paraíso .
Com sua narrativa rápida, capítulos entrecortados e ação contínua e crescente do início ao fim, o autor ganha o leitor por meio da valorização de um elemento fundamental para a trama: os espaços. Estes não existem de maneira estanque, divididos por fronteiras geográficas friamente observadas nos mapas. Pelo contrário, aparecem marcados por disputas políticas, financeiras e jornalísticas.
A ideia de uma história em torno da famosa estação do metrô paulistano, com sua inusitada forma em curva, é desfeita já nos primeiros capítulos, pois ela é apenas uma das tensas passagens e paisagens deste romance. Tensas porque sob os discursos ecológicos oficiais e de salvação típicos das Ongs, escondem-se projetos nada coletivos como nos tentam fazer crer.
Com seu tom de aventura e espionagem, Estação Paraíso , faz uma provocação aos "consensos" e às "boas intenções" em torno do meio ambiente.