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02/03/2020
No
dia 6 de fevereiro o país ficou a par de um pedido de recolhimento de 43
títulos de autores nacionais e internacionais, distribuído pela Secretaria de
Educação de Rondônia, que os definia como “inadequados para crianças e
adolescentes”. No início, o retorno foi uma alegação de fake News, mas depois
mudou para não-autorizado pelo chefe da pasta.
Na
lista, encontravam-se obras de Machado de Assis, Mário de Andrade e um adendo
contido no documento exigindo que todas as obras de Rubem Fonseca fossem
retiradas de circulação.
Dos
43 livros, o Grupo Editorial Novo Século publicou versões de dois títulos: “O
Castelo”, de Franz Kafka e “Macunaíma”, de Mário de Andrade. Trazemos,
portanto, resenhas das duas obras, consideradas pelo Sindicato dos
Trabalhadores na Educação como “leitura
obrigatória para a formação cultural e intelectual dos estudantes”.
A favor da literatura e incentivo à cultura de forma democrática.
Macunaíma – Mário de Andrade
A
Novo Século traz um box Obras de Mário
de Andrade, que foi poeta, escritor, crítico literário, musicólogo,
folclorista, cronista ensaísta e um dos pioneiros da poesia moderna brasileira,
com a publicação de seu livro Pauliceia
Desvairada, em 1922. Entre as quatro obras do box, se encontra o texto Macunaíma.
Considerado
o maior romance do autor, foi publicado em 1928 e é uma obra considerada como
indianismo moderno e importante para a literatura brasileira. De abordagem
cômica e irônica, tem um caráter crítico sobre o romantismo, utiliza os mitos
indígenas, as lendas, provérbios do povo brasileiro e registra alguns aspectos
do folclore do país, até então pouco conhecidos (rapsódia).
Macunaíma, o personagem principal, é nascido de uma tribo amazônica e é um herói que traz as características de sua nação: a preguiça, a malícia e a falta de caráter.
O Castelo – Franz Kafka
No Box Franz Kafka: 1883 – 1924 estão contidos
três livros importantes do autor; entre eles, O Castelo. Escrito em 1922, mas lançado somente depois da morte de
Franz Kafka, O Castelo conta a
história do agrimensor K. – mesmo sobrenome do protagonista do livro O Processo –, que é chamado por um conde
de um local não especificado para prestar seus serviços. Contudo, por mais que
tente, não consegue entrar no castelo, ficando na vila de fora do castelo ao
longo da narrativa.
As interpretações do
livro são muitas, desde simplesmente uma crítica à burocracia estatal até uma
visão religiosa, mais especificamente judaica. Há também uma visão psicológica
dizendo que o castelo seria o inconsciente de K. e a vila sua consciência.
Contudo, por se tratar de um autor do século XX, que vive as incertezas geradas
pelo crescente processo de urbanização e pela Primeira Guerra Mundial, Kafka
apresenta-nos um personagem que não encontra respostas para suas interrogações
humanas perante um mundo em silêncio. Uma obra envolvente sobre um homem e sua
ineficácia luta contra uma autoridade, misteriosa e impenetrável.