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Explorando o Terror entre Casas Assombradas: A Jornada Inesquecível pelos Contos de Poe
Resenha da obra "A queda da casa de Usher e outras casas assombradas" do autor Edgar Allan Poe por Cibele (@cibsleituras)

Essa narrativa foi o meu primeiro contato com a escrita de Poe e, arrisco dizer, não poderia ter sido de forma melhor! A queda da casa de Usher foi, sem dúvidas, especial de diversas maneiras, uma leitura simplesmente MARAVILHOSA!


Essa versão é super bem trabalhada e com uma riqueza de detalhes sem igual. O livro possui a capa dura chamativa, com cores vibrantes e o seu interior é tão lindo quanto o exterior. Ao final de cada conto, existe uma imagem perturbadora e sinistra, relativa ao que foi narrado anteriormente (algumas me causaram calafrios!).


Uma boa observação no contexto geral, é que eu achei a escrita de fácil entendimento, gerando assim uma conexão maior com o que foi retratado e uma imersão do leitor dentro da história de forma intensa, o que para um livro de contos de terror pode ser um pouco tenso rs.


Poe nos traz contos ricos em detalhes, com uma sutileza que só ele é capaz de transmitir. Cada ponto exposto pelo escritor tem sua importância na história, logo devemos prestar bem atenção. O que eu mais gostei nos contos, sem exceção de nenhum, foi a conexão que eu consegui criar. Sabemos que contos são difíceis de trazer esse tipo de ligação por serem curtos e acabarem logo, mas Poe é tão intenso e detalhista que é impossível você não se conectar com a escrita e os personagens.


Todos os contos foram, em sua particularidade, incríveis e de vivência única, mas eu tive os meus favoritos, que foram: "A queda da casa de Usher" (assim como o título do livro), "O retrato oval", "O poço e pêndulo" e "O gato preto". Vou falar abaixo os motivos que me fizeram favoritar e lembrar deles até o dia de hoje.


"A queda da casa de Usher": primeiramente gostaria de dizer que meu primeiro contato com a história e o título foi na série da Netflix rs, isso já me deu pré-impressões positivas do que eu poderia esperar na leitura e, pasmem, foi melhor do que eu esperava. O conto é narrado em primeira pessoa, sendo o narrador, amigo de infância de Usher. A forma como a casa de Usher é descrita, e como ele apresenta ao leitor todos os sentimentos em estar ali, vendo o que vê, deu o toque mágico que precisava para transmitir toda tensão dele ao público. Eu juro que li o conto tensa, me imaginando no lugar dele! Às vezes a narrativa em primeira pessoa tem essa magia, dá a impressão de que somos de fato o personagem na história, já que temos total ciência de pensamentos, sentimentos e ações do protagonista. Logo essa conexão acaba sendo super-rápida se for bem escrita. A melhor parte foi o final do conto, não posso dizer o que acontece, mas se acontecesse aquilo comigo enquanto eu lesse meus livros, acho que ficaria traumatizada e escolheria obras mais tranquilas rs.


"O retrato oval": esse conto foi de longe o mais reflexivo do livro e também triste, me causou uma certa dor interna. Ele nos traz a história de uma jovem que é retratada em um quadro por seu amado, pelo amor de sua vida. A reflexão que me trouxe foi bem profunda, de certa forma, e me sinto confortável em compartilhar com você: muitas vezes nos doamos, abrimos mão de nossos sentimentos e vontades e, em casos extremos, da nossa própria vida, deixamos literalmente de viver, de sermos livres pelo que chamamos de "amor verdadeiro". O amor de fato liberta, não nos aprisiona. O amor nos deixa à vontade, felizes e satisfeitos. Muitas vezes não precisamos de NADA, pois o amor preenche e supre tudo que está vazio. O conto me soou como uma crítica, levando o leitor a olhar para dentro de si e se questionar sobre o que ele chama de amor, se é o amor mesmo ou se é uma ilusão que aprisiona e traz a morte da felicidade de fato. É extremamente complexo de se explicar rs, aliás, explicar nossos sentimentos é sempre uma tarefa difícil. O conto me trouxe isso, esse renunciar a mim mesma pelo outro, para ver o OUTRO feliz, enquanto eu, protagonista da minha própria vida, fico à mercê por estar achando que isso é o amor verdadeiro, o amor de fazer o outro feliz, quando sabemos que para trazer a felicidade ao próximo devemos primeiro estar feliz e amar a nós mesmos. Espero que vocês leiam e tenham um toque semelhante (ou até mais profundo) ao meu quando finalizarem esse conto!


"O poço e pêndulo": confesso que fazia um tempo desde que havia lido algo que me trouxesse angústia e aflição como esse conto me trouxe. Narrado em primeira pessoa e tendo uma ambientação misteriosa, sentimos exatamente a mesma insegurança e medo do personagem sobre o que está por vir. De forma geral, o personagem não sabe onde está e o que está acontecendo, se está vivo ou morto, e começa uma jornada no desconhecido que transmite ao leitor TODO SENTIMENTO do protagonista. Durante esse breve conto, eu suei, fiquei tensa, roí minhas unhas e fiquei com taquicardia. Tudo isso, sem exagero nenhum. O ponto chave dessa narrativa foi o mistério que a cercava e o sentimento do personagem que é captado de forma tão intensa pelo leitor, que é impossível você não se ver no mesmo local dele. Foi de longe a melhor experiência que eu tive com a leitura de um conto, foi tão intenso que pareceu um livro de diversas páginas.


"O gato preto”: senti durante o conto inteiro tristeza e nervosismo pelo que foi retratado na narrativa. Temos um personagem claramente transtornado narrando a história que pratica atos totalmente banais para um ser humano e, novamente, com as descrições detalhadas de Poe, tudo fica muito intenso e bizarro. Nesse conto, em particular, foi horrível acontecer essa imersão e conexão com a escrita por conta da história que é bem pesada, mas o que me fez favoritar o conto, foi ver o karma em ação na vida do nosso desquerido personagem rs. O senso de justiça me levou a favoritar o conto, juntamente com o misto de sentimentos gerados em mim pela escrita maravilhosa do nosso autor.


Lendo todos os contos desse livro, como eu havia dito, foi meu primeiro contato com a escrita de Poe, posso afirmar que ele merece todo prestígio, reconhecimento e fama que tem. Ele é simplesmente genial em cada palavra escrita, tudo tem necessidade, tudo se conecta, cada ponto e vírgula traz a mágica de fazer o leitor sentir, viver e visualizar a história de um modo geral. 


Essa edição, em especial, teve um toque a mais por termos um livro repleto de imagens que nos remetem a um estímulo sensorial maior, ou seja, além de sentir, viver e visualizar, temos um deslumbre de uma arte para reforçar a nossa imaginação. E essas imagens que temos no livro são de certa forma sinistras, então contribuem para um arrepio a mais rs.


Eu espero que vocês tenham gostado e que eu tenha conseguido transmitir a cada um de vocês que estão lendo o meu sentimento em relação a esse livro e a essa edição maravilhosa. Obrigada ao leitor, por ler até aqui e obrigada a essa editora maravilhosa por trazer uma versão dos contos com um toque de terror a mais na nossa vida.


Com amor e carinho, Cibele.